28 maio 2010

Ato de avaliar

Avaliar: Por quê? Para quê?

Os questionamentos acima, apesar de parecer simples envolve enorme complexidade de fatores e estes fatores precisam estar bem claros para quem avalia e para quem é avaliado, pois a avaliação pode trazer em seu contexto, de forma implicita, questões que ao contrário de ajudar o aluno, pode excuí-lo, principalmente se esta for usada como demonstração de poder do professor sobre o aluno, se esta servir como ferramenta classificatória onde uma minoria é privilegiada em detrimento da maioria e, se encarada assim, esta não estara sendo uma forma democrática de avaliar, não está em busca do melhor para o aluno, assim como cita Cipriano Luckesi A prática da avaliação da aprendizagem, para manifestar-se como tal, deve apontar para a busca do melhor de todos os educandos, por isso é diagnóstica, e não voltada para a seleção de uns poucos, como se comportam os exames. Por si, a avaliação, como dissemos, é inclusiva e, por isso mesmo, democrática e amorosa. Por ela, onde quer que se passe, não há exclusão, mas sim diagnóstico e construção. Não há submissão, mas sim liberdade. Não há medo, mas sim espontaneidade e busca. Não há chegada definitiva, mas sim travessia permanente, em busca do melhor. Sempre!” (Cipriano Luckesi, p 11)

Pensei ser pertinete retomar esta citação de Luckesi, a qual já foi utilizada por mim no meu projeto de estágio, e o fato de eu estar retomando-a é devido ao que venho observando na minha prática com relação a avaliação onde procuro utilizar uma avaliação processual com registro das ações diária dos alunos numa planilha, onde estes sabem o que, por que e para que estão sendo avaliados. Os alunos fazem questão de paricipar das aulas, de questionar, de perguntar, de ajudar o colega, de realizar o que lhes é solicitado, eles sabem que até suas dúvidas são valorizadas, já que quem pergunta quer saber e que quer saber demostra interesse no assunto e esse é caminho para a aprendizagem, pois sabem que todas as suas ações são registradas e valorizadas pela professora, eles não veem a planilha como algo que os assuste mas sim como algo que os motive, pois se não estão muito bem nessa ou naquela atividade, logo se sairão bem em outra atividade, e nesse ponto que penso que esta avaliação pode ser considerada democrática dentro do que fala Luckesi, pois nela não há medo e sim muita espontaneidade e liberdade da parte dos alunos. Além de estarem a par do processo de avaliação e com isso terem condições de sanar dificuldades durante o processo e assim poder realizar a travessia de uma forma mais tranquila.

Referências bibliográficas.

Cipriano, Luckesi. O que é mesmo o ato de avaliar a aprendizagem?, Revista Pátio, ano3, n° 12, p.11, 2000.

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19 maio 2010

A escola que temos é a escola que queremos?

Analisando e refletindo sobre a proposta pedagógica que estou desenvolvendo no estágio, acredito que esta tem como um de seus objetivos principais contemplar a realidade e interesse de todos os alunos da minha turma, mas às vezes percebo que nem sempre esse objetivo é alcançado, como por exemplo, apesar da minha insistência, do incentivo, do diálogo e das diferentes abordagens que realizo no desenvolvimento das atividades, ainda observo que alguns alunos, em determinadas atividades, principalmente as de registro escrito, apresentam resistência em realizá-las e quando as realizam, geralmente isso acontece de forma parcial, deixando as atividades incompletas, textos sem estrutura alguma e idéias muito confusas e, no entanto, estes mesmos alunos, em atividades orais como debates, conversas e seminários tem se destacado fazendo colocações claras e pertinentes referentes ao assunto em discusssão. Com isso, percebo que, estes alunos tem um potencial bem maior do que apresentam em atividades de produções escritas. Ainda, em se tratando de registros, vejo que há uma discrepância muito grande entre o nível de ensino que estes estão com relação ao que apresentam na realização de atividades escritas. Diante disso, sugiro que eles criem o hábito diário da leitura também em casa, sugiro que leiam gêneros textuais de seu interesse tais como, revistas de futebol, página de esportes de algum jornal , algo assim. Em sala de aula, procuro realizar atividades onde estes alunos possam exercitar a leitura e produção textual, mas a resistência quanto a escrita, é grande, às vezes parece que a escrita é algo só da escola e que não tem nada a ver com o mundo deles, parece ser um mundo a parte, é claro que isso não acontece com todos os alunos, é apenas uma minoria, mas uma minoria que nos faz pensar em várias alternativas para trazê-los para este mundo chamado “escola” e ao que parece, este mundo não condiz com a realidade e interesse deste aluno, já que apesar das diferentes propostas pedagógicas ou estratégias que usamos no sentido de contemplar nestas o interesse deste aluno, parece que ainda não é o suficiente para atingi-lo e termos um retorno que julgamos positivo, aí bate aquela angústia e várias hipóteses e questionamentos sugem em nossos pensamentos, como por exemplo, o que fazer? Estamos no caminho certo? Onde estou errando? Quais caminhos seguir? Todas as tentativas, muitas vezes frustradas ao nosso ver, terão ajudado em algo? Ou foram só paliativos que ajudam a diminuir momentaneamente a distância entre o mundo escolar e o mundo deste aluno, mas que no fundo, nunca irão aproximá-lo o suficiente desta escola a fim de que ele possa se sentir parte dela e consiga nos dar o retorno que esperamos dele com relação à aprendizagem? Afinal, será que o aluno precisa mudar e se adequar a escola ou esta precisa de mudança e adequação ao aluno? Eu, no meu entender, acredito que seja a última opção, ou seja, a escola precisa de mudança e adequação à nova realidade deste aluno, porém, não falo em mudanças superficiais ou isoladas, falo de mudanças estruturais profundas em todo o setor educacional em termos de legislação, onde os governantes não só garantam o acesso do aluno à escola, mas que se preocupem com uma educação de qualidade, mudanças nas propostas pedagógicas onde isso seja responsabildade de todos envolvidos no processo e não só do professor em sala de aula.

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14 maio 2010

Reflexão, 5ª Semana.

Esta semana, estando na 5ª semana de estágio prático, percebi o quanto está sendo gratificante esta experiência, no início pensei que, como diz o velho ditado “seria como chover no molhado” pois já atuo em sala de aula há 22 anos e pensei que não teria nada de muito novo para experienciar, mas essa idéia foi só inicial, pois são tantos momentos de intensas descobertas, como por exemplo, observar que , aquele aluno acomodado e desinteressado até então, passou a participar mais das atividades, ser mais comprometido com o grupo e consigo mesmo, isso só já seria, para mim, motivo suficiente para acreditar que esta experiência, a essas alturas da minha carreira, está valendo muito a pena, está sendo muito gratificante, mas não é só isso não, esta experiência não vai findar ou se apagar com o fim do estágio, ela estará para sempre registrada na minha mente e com certeza poderei usá-la como referência em minha prática pedagógica, no sentido de motivar e proporcionar uma aula mais interessante para outros futuros alunos que ainda terei o prazer de trabalhar e ver neles a alegria que estou presenciando hoje no semblante dos meus alunos diante de cada novidade que lanço em aula com a finalidade de auxiliá-los na busca de respostas para suas investigções.

Antes do estágio, no AI eu trabalhava, basicamente, pesquisa em sites, com meus alunos, hoje, além de pesquisa já faço uso de uma página na internet para que os mesmos façam o registro dessas pesquisas, sendo que antes, estes registros eram feitos apenas no caderno, eu vejo issso como uma mudança na minha prática pedagógica com relação ao uso da informática, porém, entendo que ainda não seja o suficiente, entendo que seja o início de uma caminhada de mudanças necessárias não só a minha prática pedagógica, mas sim em todo o âmbito escolar, pois Sobral (1999) enfatiza que a Internet também representa uma grande mudança na escola e como tal provoca resistência. Na introdução de cada inovação tecnológica, o velho sempre convive com o novo, efeito de toda transição.

É Isso mesmo, Sobral tem toda a razão, a internet na escola representa mesmo uma grande mudança, porém se usada com fins pedagógicos adequados, e na minha escola não é diferente de muitas que conheço, pois ainda o velho convive com o novo e, então estamos num momento de transição, acredito que seja o início de uma caminhada, pelo fato de ainda haver muitas resistências em aderir ao novo e também por não não termos estrutura suficiente para trabalhar somente através dos ambientes virtuais, pois isso só será possível, no momento que a nossa sala de aula for um ambiente informatizado, mas creio que chegaremos lá, e quero estar preparada para esta mudança, pois toda mudança profunda, requer uma boa base e isso estou tendo no momento, através das exigências do curso, as quais, faço com grande empenho, pois quero, ao concluir o curso, ter a certeza de que ficaram muitas marcas positivas no meu universo pessoal e principalmente profissional.

Referência:

SOBRAL, A. “A Internet Na Escola”. In: Internet na Escola. São Paulo:

Edições Loyola, 1999. p. 87 – 102.

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09 maio 2010

Refletindo sobre práticas pedagógicas

Ao findar mais uma semana de estágio prático, é hora de analisar esta prática de um modo crítico, percebendo o que devemos priorizar em nossa prática pedagógica e também o que não devemos continuar fazendo, pois não motiva mais nossos alunos, ao contrário, os desmotiva.

No que tange ao desenvolvimento dos objetivos e as atividades planejadas, posso dizer que, de um modo geral, foi tranquilo, pois consegui desenvolver o que foi planejado e dentro desse planejado sempre tem detalhes que nos chamam a atenção de um modo mais acentuado e esta semana o que considero bastante positivo está relacionado ao AI, pois desde o início do projeto, foi a primeira vez que o grupo trabalhou mais tranquilo no pbworks, pois já estão mais familiarizados com o novo recurso e isso fez com que a aula fluisse melhor. Outro fator bem positivo da semana se relaciona à produções próprias dos alunos, mais especificamente com relação às produções de histórias matemáticas, pois na semana anterior como eles tinham realizado a atividade pela primeira vez, foi bastante complicado, eles apresentaram muita dificuldade, mas esta semana, ao retomar a mesma dinâmica com relação a esta atividade, percebi o crecimento dos alunos, pois foi bem mais tranquilo, minhas intervenções e auxilio foram bem menores e isso é mais uma afirmação, para minha prática de educadora, de que precisamos acreditar mais no potencial do nossos alunos e não facilitar tanto para eles levando tudo pronto, mas sim desafiando-os a serem autores do seu próprio conhecimento.

Outro ponto que está me chamando a atenção nas aulas, o que se acentuou esta semana é a questão dos alunos que tem dificuldade de participar de uma atividade tradicional de sala de aula, mas que respondem de forma muito positiva nas atividade diferenciadas. Um exemplo é o aluno Paulo ele tem muita dificuldade de realizar atividades de registros comuns no caderno, como copiar uma a tividade do quadro e realizá-la, percebo que ele tem condições, mas quase sempre deixa a atividade incompleta no caderno, em contrapartida, em atividades não muito comuns, em desafios, este aluno tem me surpreendido, pois na semana passada ao questionar o grupo sobre quantas horas tinha dois dias, ele foi o primeiro a responder que eram 48 horas, isso foi numa atividade sobre a tabela da função das abelhas e esta semana, na aula de geomertia, onde fizeram pesquisa no pátio da escola, a pergunta desafio era descobrir qual era a forma geométrica do favo de mel, o desafio era pesquisar em casa e responder no dia seguinte, ainda na mesma aula o aluno desenhou e me mostrou uma figura geométrica com seis lados, disse a ele que o desenho estava correto e perguntei se ele sabia o nome dessa figua, dissse que não, mostrei ao grupo todo, ninguém soube me responder e então desafiei-os a me trazer a resposta na próxima aula, no dia seguinte questionei-os sobre quem tinha a resposta para a pergunta do dia anterior e para minha surpresa só o Paulo trouxera a resposta, me disse que era um hexágono, mais uma vez fiquei surpresa com ele e o elogiei muito,além de ficar muito feliz, pois tinha despertado o interesse de um aluno que tem dificuldades de realizar atividades de aula que chamamos de “mesmice”, digo isso não só pelo pouco tempo que observo o Paulo, mas pelo relato da professora dele do ano passado, pois esta me contou que o pai dele pagava cinco reais por dia para o Paulo copiar as atividades do quadro e do livro. Quando eu soube disso fiquei impressionada e chamei a família para conversar, a mãe veio, são pais separados, coloquei a ela que achava um absurdo esse tipo de acordo, que isso não poderia continuar e se continuasse eu não queria ficar sabendo, pois não iria compactuar com tanta falta de habilidade na educação de um filho, ela me disse que o pai era muito infantil e que ela também não concordava com a atitude dele. Após esta conversa, fiquei observando e pensando em mudar esta realidade, mas apesar de insistir com o Paulo, ele se negava a realizar as atividades ou até as realizava, porém sob pressão do tipo, “precisa concluir a atividade, pois do contrário terei que conversar novamente com tua mãe” Isso acontecia antes do início do projeto de estágio, agora com o projeto, parece que o Paulo está começando a gostar de aprender, está realizando atividades sem pressão, como relatei acima e isso para minha prática de educadora e para esta experiência de estágio, conta como uma enorme vitória, e enfatiza o que estamos cansados de ouvir por ai, os tempos são outros, nossos alunos são outros, não pode dar certo uma prática do tempo dos nossos avós, não tem aluno que se interesse por quadro cheio para copiar, um monte de matéria que muitas vezes não serve de nada, apenas para dizer que o aluno teve conteúdo na aula e decore para a prova, aí só pagando para ele fazer alguma coisa, pois na verdade o erro não está só no acordo absurdo do pai com o filho, está também, numa pratica ultrapassada que não tem nada a ver com a realidade dele e como diz Feynman “O método de ensino eficaz, deveria formar indivíduos curiosos. O objetivo final de uma aula teria de ser formar futuros pesquisadores, e não decoradores de matéria”

Com esta reflexão e a minha pática da semana somada a atitude do aluno Paulo, entendo que preciso cada vez mais trabalhar de forma acentuada em cima de uma proposta pedagógica diferenciada se quiser contemplar nela o interesse , se não de todos, pelo menos da maioria dos alunos.

Revista Veja, Editora Abril, edição 1826, ano 36, nº 43 de 29 de outubro de 2003, página 20.

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