25 abril 2009

COMO INCLUIR SEM EXCLUIR?

Nessa lei de inclusão, nós professores, com certeza os maiores colaboradores para que ela aconteça de fato, fomos excluídos? Excluídos de opinar, excluídos do direito de ter uma formação adequada para melhor atender estas crianças. Estas crianças são incluídas em nossas salas de aula, mas ao mesmo tempo, em muitas vezes, excluídas por nós, não por negligência, mas pelo simples fato de falta de preparo. Com o tempo e boa vontade nós adquirimos experiência e conhecimento, mas enquanto isso, como ficam estas crianças?, Sendo cobaias de experiências que poderão ser ou não ser bem sucedidas?
Ser diferente num contexto em que não tem espaço para o que é diferente, tanto nas escolas como na sociedade em geral tudo é programado para contemplar a maioria, pois é mais difícil conter uma multidão reclamando seus direitos do que uma pequena minoria, então, seguindo esta linha de pensamento se resolve primeiro o problema da maioria, aqui no caso os \"ditos normais\" enquanto que os deficientes ou as pessoas diferentes ficam relegadas a segundo plano e isso acontece na escola e além dos muros escolares, já que a escola é o reflexo da sociedade. Aí me questiono, o que fazer para mudar esta realidade? O que nós cidadãos e educadores estamos fazendo de concreto para mudar essa realidade? Ou ao menos tornar essa realidade menos dura para quem é diferente?
Inclusão é realmente um assunto bem complexo, pois as dificuldades são muitas e elas não são só na escola, mas há também dificuldades por parte das famílias, da sociedade, porém, ao realizar as leituras dos textos sugeridos pela professora, me dei conta de que, se por um lado encontramos dificuldades para lidar com o assunto, por outro lado podemos perceber que os avanços com relação ao atendimento a pessoas portadoras de necessidades especiais evoluíram muito desde a era pré cristã, onde estas eram perseguidas e eliminadas, passando por fases de negligência total, atendimento por caridade, atendimento institucionalizado , mas separados dos “ditos normais” e finalmente a inclusão em escolas públicas comuns.
Acredito que, para que a inclusão seja uma realidade, será necessário também, que muitos professores revejam uma série de barreiras, além da política e práticas pedagógicas e dos processos de avaliação. É necessário conhecer o desenvolvimento humano e suas relações com o processo de ensino aprendizagem, levando em conta como se dá este processo para cada aluno. Também será necessário que haja uma transformação no sistema de ensino que vem beneficiar toda e qualquer pessoa, levando em conta a especificidade individual de cada um e não mais suas deficiências e limitações. A inclusão é para ser realizada por um conjunto de ações, onde haja a participação efetiva de todos os envolvidos no processo educacional, e o que percebe-se claramente é uma precariedade não só nas estruturas físicas das escolas, mas uma precariedade de ações conjuntas por parte dos envolvidos no processo de inclusão.
Precisamos de mais mudanças, é importante citar que estas mudanças deverão ir bem além de mudanças de currículo e de formas de trabalhar nas salas de aula, estas mudanças teriam que acontecer em toda a parte estrutural e cultural das escolas, da educação como um todo. Acredito que a lei de inclusão é parte de um processo que está em andamento, mas isso ainda não é tudo, como disse, é apenas uma parte e como a inclusão deve ser geral e não fragmentada, será necessário que ocorram profundas e significativas mudanças com a finalidade de que a educação seja um direito de todos, como cita a constituição federal de 1988.
Sabemos que, com a prática da inclusão, podemos acrescentar novas experiências e novos saberes a nossa pratica pedagógica, podemos também, com estas novas experiências, mudar e atualizar práticas que já não são mais pertinentes e esse novo contexto escolar, penso que temos muito a ganhar, temos muito a aprender e muito a acrescentar a estas crianças, porém, acredito que para que isso não seja apenas teoria, será necessário um maior empenho no que diz respeito às ações efetivas, ou seja, a concretização do amontoado de leis e teorias que nos circundam.
Sobre o que penso com relação à preparação do professor para trabalhar com inclusão, um ponto a ser considerado é que atuamos dentro de um sistema organizado para atender os \"ditos normais\",os currículos escolares, a estrutura física da escola, as pressões do dia-a-dia por parte da maioria (ditos normais), as cobranças em termos de conteúdo desenvolvido, o como fazer, o que fazer, por onde começar, como atender a tantas demandas. Quais os encaminhamentos para questões que fogem ao nosso controle? Como fica nossa estrutura psicológica? Eu, para atuar com alunos \"ditos normais\" fiz o curso de magistério, o qual teve 3 anos de formação teórica e mais meio ano de estágio supervisionado e foi este curso que me deu suporte para que eu assumisse uma turma e trabalhasse com ela, só que nesta formação nunca nos foi mencionado que trabalharíamos com inclusão, aí vem a questão: fiz meu curso de magistério há 20, tudo bem, muita coisa já mudou de lá para cá, mas o que dizer dos cursos de magistério atuais que não dão essa formação aos professores? Se trabalhar com inclusão é aprender com a prática, penso que não precisaríamos ter feito magistério para atuar de 1ª a 4ª série, poderíamos simplesmente ter entrado em sala de aula e aprender dando aula, aprender com a prática. Acredito que a formação que ideal seria uma formação de no mínimo três anos, e esta formação teria que ter como currículo básico, estudo teórico de como se trabalhar necessidades educacionais especiais em sala de aula, aí acredito que começaríamos a nos sentir mais seguros com relação ao assunto. Aprenderíamos tudo sobre inclusão? É claro que não, é claro que precisaríamos também da prática para continuar aprendendo, como foi o caso de quando saímos do magistério e entramos numa sala de aula. A experiência e a prática diária ajuda, mas só estas não bastam para darmos conta da complexidade da inclusão em sala de aula.

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